Tarta Metrics - Monitoramento de Ninhos de Tartaruga

Empresa

Associação Guajiru

Função

Product Designer

Plataforma

Aplicativo

Ano

2024

Introdução

Em uma das minhas viagens pelo Brasil, visitei minha prima em João Pessoa na Paraíba. Durante minha estadia, acompanhei seu trabalho voluntário no monitoramento de ninhos de tartarugas marinhas e observei de perto a rotina dos voluntários. Esse contato me permitiu entender os desafios enfrentados diariamente e identificar oportunidades para quem sabe criar uma solução através do Design.

Saiba mais sobre as Tartarugas

Todos os anos, tartarugas marinhas chegam ao litoral da Paraíba para desovar. A região de Cabedelo (cidade vizinha a João Pessoa) concentra o maior número de ninhos. Em uma única temporada, mais de 12 mil filhotes seguem para o mar, graças ao trabalho dos voluntários do projeto. No entanto, a taxa de sobrevivência é baixa: a cada 1.000 filhotes, apenas um chega à fase adulta.

Um desafio crescente ocorre na praia de Intermares, onde acompanhei o trabalho dos voluntários. Com a urbanização, as luzes artificiais do calçadão interferem no nascimento das tartarugas. Normalmente, após cerca de 50 dias de incubação, os filhotes emergem do ninho e são naturalmente guiados pela luz da lua em direção ao mar. Porém, a iluminação artificial pode desorientá-los, fazendo com que sigam para o asfalto, onde correm risco de atropelamento.

Para proteger os filhotes desse perigo e de predadores naturais, os voluntários cercam os ninhos com telas, garantindo que mais tartarugas cheguem ao mar em segurança.

Design Thinking

Utilizando a metodologia para estimular a criatividade e a inovação

Como o Design Thinking pode ajudar a sua startup - StartupHero

Decidi utilizar a metodologia Design Thinking para desenvolver o Tarta Metrics, pois precisava entender melhor o problema e encontrar uma solução criativa e centrada no usuário.

O problema

Como é feito o monitoramento atualmente?

O monitoramento dos ninhos é realizado por voluntários organizados pela Associação Guajiru. Organizados por escalas, diariamente eles fazem as monitorias em um trecho do litoral de João Pessoa. Geralmente trabalham em duplas e fazem o uso dos seguintes itens:

  • WhatsApp para comunicação e organização das escalas;
  • Aplicativo NoteCam para registrar fotos com localização geográfica;
  • Planilhas preenchidas manualmente pela coordenação.
  • Cutucador (bastão) para ajudar a encontrar os ninho na areia.
  • Redes de proteção para proteger os ninhos contra predadores.

Dores e desafios

Ao observar a rotina dos voluntários, percebi desafios e oportunidades onde poderia criar algo para ajudá-los. Aqui estão os principais pontos que identifiquei:

  • Dificuldade na localização precisa dos ninhos (uso de pontos de referência vagos);
  • Conversas importantes no WhatsApp misturadas a mensagens pessoais;
  • Escalas e revezamentos organizados manualmente, sem automação;
  • Uma única pessoa responsável por consolidar todas as informações em planilhas;
  • Falta de alertas automáticos para situações emergenciais (como ninhos em risco).

Personas

Criar uma persona é essencial para entender as necessidades reais dos usuários e desenvolver uma solução mais eficiente. Por isso, defini a Mariana, uma voluntária que representa os monitores do projeto. Com essa referência, pude criar um fluxo mais intuitivo e funcional, garantindo que o Tarta Metrics atenda às demandas do dia a dia no monitoramento dos ninhos.

Jornada do usuário

A jornada do usuário é uma ferramenta essencial para mapear as etapas que um usuário percorre ao interagir com um produto ou serviço. Ao entender essa jornada, podemos identificar pontos de dor e oportunidades de melhoria na experiência.

No caso do Tarta Metrics, considerei a rotina da Mariana, voluntária do projeto Guajiru, desde o momento em que ela recebe a escala de monitoramento até o registro dos dados no campo. Essa abordagem me ajudou a projetar um fluxo mais intuitivo, reduzindo o tempo de registro e garantindo que as informações essenciais sejam coletadas de forma simples e eficiente.

A solução

Tarta Metrics – Um sistema integrado para monitoramento

Para garantir que a solução atendesse de fato às necessidades dos voluntários, apliquei a abordagem do Design Thinking, passando por um processo de imersão, mapeamento de desafios e validação de oportunidades. A criação da persona Mariana e a construção da jornada do usuário foram essenciais para entender as dificuldades enfrentadas no monitoramento dos ninhos e identificar pontos de melhoria.

Com esses insights, desenvolvi o Tarta Metrics, um aplicativo que centraliza informações, automatiza processos manuais e facilita a rotina dos monitores.

Principais funcionalidades:

  • Registro digital dos ninhos (fotos, localização GPS e anotações);
  • Previsão de nascimentos baseada em dados coletados;
  • Sistema de escalas para organização dos voluntários;
  • Comunicação centralizada entre monitores e coordenação;
  • Envio automático de informações para evitar sobrecarga manual;
  • Modo light e dark para melhor experiência dos usuários.

Além disso, pensei em criar uma versão web para a diretoria, permitindo visualização de dashboards e atualizações em tempo real.

Wireframes

Para estruturar a experiência do Tarta Metrics, comecei desenhando os primeiros wireframes no papel, esboçando ideias rapidamente para visualizar a disposição dos elementos e testar diferentes soluções.

Só depois dessa validação, criei uma versão digital mais refinada no Figma, já incorporando melhorias na navegação e usabilidade para garantir uma interação mais fluida e eficiente.

Cores e tipografia

A identidade visual do Tarta Metrics foi pensada para ser moderna, acessível e conectada com a proposta do projeto. Escolhi o verde (#4CB102) como cor principal porque ele representa a natureza e a preservação das tartarugas, além de transmitir uma sensação de equilíbrio e renovação. Para contrastar, usei um tom de cinza escuro (#2C4251), que traz um ar mais profissional e ajuda a destacar os elementos da interface.

Na tipografia, optei pela Plus Jakarta Sans, uma fonte moderna e de fácil leitura, perfeita para deixar o app mais intuitivo e agradável de usar. A ideia foi garantir que a experiência fosse fluida para os voluntários, tornando a navegação simples e sem complicações.

Interface

A interface do Tarta Metrics foi pensada para ser fácil de usar e realmente ajudar os voluntários no dia a dia. Cada tela guia o usuário de forma simples, desde o login até o registro e acompanhamento dos ninhos. Também criei o protótipo em modo light e dark, para que cada monitor escolha o que for mais confortável na hora de usar. A seguir, vou mostrar as principais telas e como elas facilitam o monitoramento.

Protótipo navegável

Para estruturar a experiência do Tarta Metrics, comecei desenhando os primeiros wireframes no papel, esboçando ideias rapidamente para visualizar a disposição dos elementos e testar diferentes soluções.

Só depois dessa validação, criei uma versão digital mais refinada no Figma, já incorporando melhorias na navegação e usabilidade para garantir uma interação mais fluida e eficiente.

Barreiras e Aprendizados

Apesar da proposta trazer uma solução eficiente, a Associação Guajiru optou por não seguir com o projeto devido à preocupação com a confiabilidade dos dados na migração do processo manual para digital.

No entanto, isso não significa que o projeto foi em vão. Agora, meu objetivo é divulgar o Tarta Metrics para outras associações e ONGs que enfrentam os mesmos desafios e que estejam abertas a modernizar suas operações.

Conclusão

O Tarta Metrics foi um exercício valioso de pesquisa, ideação e prototipação de um produto digital com impacto real. Durante o processo, aprendi sobre a importância da confiança dos stakeholders em novas tecnologias e a necessidade de adaptação para atender às expectativas dos usuários finais.

Se você faz parte de uma organização que trabalha com monitoramento de ninhos de tartaruga e quer otimizar esse processo, entre em contato!

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